Espiã

Acho que estou fugindo de algo ou alguém

Que ainda não sei bem quem é.

Pensei então que esse alguém

Pode ser eu mesma,

Tentando reprimir o lado meu,

Que cansou de ser escravizado.

E enraizado...

Talvez esse outro lado,

Só queira a liberdade

Das músicas, dos filmes, dos livros...

Ou da vida do outro,

Que parece esbanjar alegria.

Talvez seja o voo que ainda não concretizei,

Que me move para algum lugar.

Que não é o lugar do outro!

Nem onde agora estou.

É só um passo além do que eu posso enxergar

Daqui.

De trás do muro.

Novel

Mas é preciso embrionar

Muitas vezes.

Quantas forem preciso.

E redescobrir

Ou apenas recriar,

Para renascer dentro de si,

O prazer singelo das coisas...

Dos ventos, das brisas

Das rosas...

E reviver como se nunca antes

Tivesse vivido.

Maravilhar-se

E envaidecer-se

Como se recém tivesse nascido

E jamais crescido.

E que se permita deixar esquecido,

O desafeto e os conflitos,

Que em almas puras

E brandas,

Como as de crianças,

Nunca antes haviam residido.

Tempo ao tempo

Pensava o tempo todo em ironias,
Escrevia algumas...
E pelas ruas ria sozinha,
De outras muitas.
Pensava o tempo todo em fantasias.
Interpretava algumas...
E pelas ruas imaginava como seria,
Executar loucuras.
Pensava o tempo todo em alegrias,
Sentia todas.
E andava extremamente feliz,
Contando boas novas!

Quimera

Dias de lágrimas todos tem

E a mim, certamente, estes não convêm.

Vazio, ódio e indecisão nunca serão em vão,

Mas realmente vão

É desperdiçar parte do coração

Com sofreguidão e lamentos...

E encabeçar a própria decepção

Como eterna insatisfação.

Se quando couber uma oração,

De amor brando e fraterno,

Perceberes que a vida não passa de momentos

De mutação e ausência de convicção.

Enquanto aos prantos entenderes

Que ela é composta de ilusão.

Então, por que não felicidade?

Se mesmo na insanidade e na agonia,

O que deixa a vida vazia,

Será sempre e somente,

A falta de alegria!

Pensiero

 Estenda a mão para todo mundo.
Mas quando precisares
De uma mão amiga,
Conte apenas com as suas próprias mãos.
As outras estarão estendidas para o alto,
Comemorando o sucesso
Que você, um dia,
Ajudou a construir...

Encontro

Me encontrei e enxerguei o mundo com outros olhos.

Olhos sadios, de amor e compaixão.

Me encontrei e senti o vento bater no rosto,

Com as janelas fechadas e na escuridão.

Me encontrei e resolvi alterar o destino.

Alterar o que pensaram que eu fosse ou o que planejaram para mim.

Me encontrei e decidi viver na plenitude, por inteiro,

E com entrega sem fim...

Me encontrei e descobri que sofro menos por me doar,

Por compartilhar, por permitir

E me permitir...

Me encontrei num lugar de achados raros,

E acolhida no diferencial, percebi minha semelhança.

Me encontrei, e só por isso,

Todas as coisas boas me encontraram também!

E sem esforço.

Me encontrei e aprendi, que o que é verdadeiro, vem para ficar,

E permanece sem pedir, sem implorar, sem nem falar.

Só no olhar...

Permanece porque eu escolhi me encontrar,

Me entregar,

Viver e sonhar,

Me encontrei e encontrei meu lugar!

São tantos corações já impossíveis de separar...

Então apenas escolhi me encontrar e estar,

Aonde é fácil e doce,

Amar!

Que mania!

A gente é que tem mania,

De achar que coisa boa,

Tem que ser lembrada todo dia.

Por pai, amigo, cachorro e tia!

As expressões de harmonia,

De alegria 

E euforia,

Só serão lembradas,

Quando houver agonia...

E disritmia.

Só não aceite que se perpetuem,

Por estradas vazias,

As coisas boas

Que alguém, um dia,

Lhe apresentou.

E lhe devolva, então,

Sem pressa ou agonia,

O amor que se tornou mania,

Em querer todo dia.